quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Tornado surreal

Fez - 7 de Dezembro 2013, 3 anos que ocorreu o Tornado em Tomar!

Este tornado, que destruiu o telhado e janelas da casa onde vivia e que entrou literalmente na mesma sala onde estavam os meus dois filhos e uma série de outras crianças, foi um momento surreal, digno de um filme, que para além dos danos materiais, poderia ter tido consequências muito mais graves ao nível físico e psicológico.

Mas uma das coisas importantes para o nosso equilíbrio mental, é que as memórias do passado fiquem bem arrumadas, e consigamos encaixa-las como uma história, um episódio localizado no tempo e espaço, que não esteja inacabado, e que consigamos racionalizar essa informação mesmo que negativa, para que não deixe traumas, fragmentos latejantes nas nossas vidas... Daí que omitir e tentar esquecer sem arrumar primeiro alguns eventos, não nos vai ajudar a resolver momentos dolorosos, vai deixa-los sempre estilhaçados, como um passado mal contado… 

Por isso as pessoas têm recalcamentos, traumas que emocionalmente deixam marcas. Assim, foi conversado com os miúdos, sem dramas e com muita tranquilidade. Há que lhes transmitir sem mentiras que não controlamos os elementos, mas que no meio da tempestade têm no conforto materno o porto de abrigo necessário, que temos de dar graças por estarmos vivos…sobretudo isto, ressaltar o lado positivo de algo tão devastador: que no meio de tamanha destruição conseguimos permanecer vivos e intactos, como se uma mão divina segura-se literalmente o tecto sobre as suas cabeças e que temos a oportunidade de recomeçar, de reerguer mais fortes…

Não poderia deixar de relembrar as professoras que conduziram os meninos para o único canto onde não voou mobília; que levaram com as portadas e os vidros estilhaçados em cima, e sofreram para proteger os nossos meninos, e eles permaneceram fielmente no canto em conchinha. Obrigado especialmente à Rafaela Ângelo e à Professora Paula e Alzira Peralta; a Isabel Simões; Susana Matos;a Sandra Balseiro Sousa ; e a todo o pessoal não docente.
Este canto da foto, foi onde os meninos se agacharam, debaixo da árvore de Natal, onde nem 1 bola voou, e poucas escoriações e muita areia na cabeça foram as mazelas mais comuns, (milagre quando se percebe a dimensão da destruição).Não são comemorações que se celebrem, mas não nos devemos esquecer daqueles que se sacrificaram pelos nossos filhos. Obrigado!


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